quinta-feira, 23 de março de 2017

Repórter lança livro sobre guerra entre facções criminosas no Maranhão

O livro, que foi prefaciado pelo pesquisador e inspetor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Antonio Noberto, aborda o crime organizado de um ponto de vista descritivo e filosófico, sendo que o autor utiliza, para embasar a obra, conhecimentos da Psicanálise, Antropologia, Semiótica, Mitologia, História, Criminologia, dentre outros.


O repórter descreve o crime organizado a partir das guerras urbanas e da “vida loka”. (Foto: Nelson Melo)

Nascido em Santa Rita/MA,o repórter Nelson Chagas Melo Costa, do Jornal Pequeno,escreveu um livro intitulado “Guerra Urbana – morrendo pela vida loka”, que descreve a disputa entre facções criminosas no Maranhão, com ênfase na região metropolitana de São Luís. O autor utilizou, para embasar a obra, conceitos advindos de áreas como Filosofia, Psicanálise, Antropologia, Mitologia, Semiótica, dentre outras. O livro, que será oferecido por R$ 30, será lançado no próximo dia 31 de março.

Formado em Comunicação Social pela antiga Faculdade São Luís, Nelson começou a escrever o livro há um ano e cinco meses, quando teve início uma intensa pesquisa bibliográfica sobre o crime organizado, as guerras urbanas e a “vida loka”, que ele define como uma conduta desviante cujos adeptos não aceitam as normas estabelecidas pelo aparelho estatal para um bom convívio e para a manutenção da ordem pública. Convém ressaltar que o próprio autor formou este conceito, tendo em vista que não encontrou uma definição convincente na literatura analisada.
Nesse período, o jornalista estudou profundamente sobre assuntos oriundos da Psicanálise, Filosofia, Mitologia, História e Geografia. Bem como pesquisou acerca de conhecimentos de outros ramos, como a Psicologia Analítica, Criminologiae a Ciência Forense. Nelson Melo também buscou auxílio teórico em obras literárias, como em “O Lobo do Mar”, escrito por Jack London, que, no enredo, promove uma reflexão filosófica sobre a sobrevivência, o instinto e a civilização, instâncias, estas, que se misturam nos conflitos urbanos envolvendo organizações criminosas.
Mas o autor não se limitou apenas à leitura desses assuntos e temas, pois entrevistou autoridades, como o delegado Cláudio Mendes, que até pouco tempo era titular da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF), e o capitão Ricardo, comandante da 1ª Companhia Independente do 8º Batalhão de Polícia Militar (BPM). Melo utiliza, ainda, um trabalho monográfico defendido pelo delegado Marcos Affonso Júnior, chefe do Departamento de Proteção à Pessoa (DPP), da Superintendência Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP), sobre o crime organizado no Maranhão.
Ademais, o repórter cita o historiador Antônio Marcos Melo Costa, que escreveu uma monografia sobre a gangue Garotos da Bota Preta (GBP), assunto abordado por Nelson em “Guerra Urbana” – cuja capa foi idealizada pelo competente Daniel Bras, proprietário da NCA Design -, por meio de uma descrição da década de 1990 em São Luís, quando agrupamentos jovens dessa natureza ganharam visibilidade pública e, vez por outra, se enfrentavam, como ocorre atualmente, por exemplo, entre Bonde dos 40 e Comando Vermelho (CV), facções que disputam de forma sangrenta territórios e espaços na região metropolitana.

O livro, que contém 60 páginas, será vendido por R$ 30. (Foto: NCA Design)

Em “Guerra Urbana – morrendo pela vida loka”, Nelson Melo observa o papel do líder nos “salves” ou comandos direcionados aos subordinados, em uma estrutura hierárquica arquetípica em todas as facções existentes no Brasil e em várias partes do planeta, como ocorre na rede Al-Qaeda e no igualmente grupo jihadista Estado Islâmico. O autor narra a trajetória do Bonde dos 40, Primeiro Comando do Maranhão (PCM), CV, Comando Organizado do Maranhão (COM) e Primeiro Comando da Capital (PCC) no território maranhense.
Cabe ressaltar que a obra não é apenas descritiva, pois possui uma estrutura teórica bastante vigorosa, com a citação de pensadores e estudiosos como Arthur Schopenhauer, Freud, Joseph Campbell, Bertrand Russel, Carlos Amorim, Ortega y Gasset, Francisco Razzo, Luís Felipe Pondé, Geoffrey Blainey, Ana Vicentini de Azevedo, JoDurden Smith, Paulo Roland, Michael Weiss, Hassan Hassan, Eric Hobsbawm, Marco Ribeiro, e outros. Sem contar que o prefácio do livro foi escrito por Antonio Noberto, pesquisador, turismólogo, membro-fundador da Academia Ludovicense de Letras (ALL) e policial rodoviário federal.
O lançamento do livro está sendo organizado pelo grupo Carcarás – Juventude Conservadora da Universidade Federal do Maranhão (Ufma), cujo vice-presidente, Janilson Carvalho, destacou a importância da obra para a compreensão da história recente de como os grupos criminosos se formaram e se insurgem contra a ordem estabelecida.
Para Janilson, não se trata de uma abordagem sobre o crime comum, “mas, sim, do crime organizado, abordando a realidade do Maranhão dentro da conjuntura da política nacional”, em um contexto de violência extrema, que, aliás, o pesquisador Antonio Noberto caracteriza como um “mal endêmico e de difícil resolução”. O inspetor da PRF observa no prefácio do livro que os brasileiros foram preparados secularmente para este problema, “desde os idos coloniais, quando fomos iniciados para conviver em um ambiente caótico e conformista”.
O lançamento ocorrerá no próximo dia 31 de março, no Auditório Setorial, no Centro de Ciências Humanas (CCH), na Ufma, Campus do Bacanga, em São Luís, às 17h. Ao fim do evento, haverá um coffee break. O autor ressalta que, além do Carcarás, a publicação da obra teve o apoio do Stúdio 7, empresa que tem como um de seus sócios o seu amigo e repórter fotográfico Gilson Ferreira; a Abilene Presentes; o Conhecimento Episteme (grupo de WhatsApp criado por Nelson Melo para debates filosóficos); a BBBGraf; a NCA Design e a agência SAP.
Fonte Jornal Pequeno
Para mais informações: (98) 98708-7919; (98) 98304-6805; (98) 98169-4983

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