Matutos do Rei (Foto: Angra Nascimento / Na Mira )
IMPERATRIZ – Com o tema “Cangaço, o coração da loucura”, uma abordagem sobre questões sociais, como a esquizofrenia, a Matutos do Rei, de Açailândia, foi a grande campeã da edição de 10 anos do Arraiá da Mira, e consagrou-se pentacampeã, no festival realizado pelo Grupo Mirante, o qual participou pela oitava vez.
A junina sensibilizou o grande público presente e encantou os jurados que deu 10 em todos os quesitos de avaliação, gabaritando o concurso com 180 pontos. Foi uma apresentação que parou o evento, sendo uma das mais comentadas do festival.
O espetáculo abordou temas que ainda são vistos como tabus, como a difícil realidade de quem sofre de esquizofrenia, tendo de lidar com preconceito e exclusão social. A quadrilha retratou, ainda, a vida de pessoas que produzem arte, que por muitas vezes são associadas, negativamente, à loucura. Nessa perspectiva, o grupo enfatizou o poder que esse dom tem de mudar o coração e a visão das pessoas.
O artista plástico Artur Bispo, que se insere na linha tênue entre “loucura” e dom, foi um dos nomes representados no espetáculo da quadrilha. O grupo trouxe, ainda, a discussão de temas que persistem na sociedade, como feminicídio e a cultura do estupro. A Matutos do Rei apresentou dados relevantes sobre o crime no Brasil, a fim de gerar uma reflexão sobre o tema.
Paralelo às discussões sociais, o cangaço esteve presente durante toda a performance do grupo. A figura de Lampião e Maria Bonita foi retratada, vigorosamente. Na primeira parte da apresentação, as roupas dos 60 pares que se apresentaram no tablado remetiam ao sertão e à importância do movimento para o Nordeste.
Um dos personagens da história era tido como “louco” porque fazia xilografias, e foi dessa forma que os integrantes da quadrilha, trocaram seus figurinos e cenários, todos feitos de desenhos xilográficos. A apresentação foi uma das mais elogiadas do evento.
Confiante no grande espetáculo, o presidente da junina, Johnatan Polary, disse que o título “representa muito. Nós já saímos desse tablado, imensamente felizes, porque o que aconteceu aqui, quem estava aqui, viu, como o público ficou de pé, loucamente felizes, encantados com o espetáculo”, disse, lembrando que “foram oitos meses de trabalho árduo”.
Sobre o tema, o presidente reconheceu ser um tema forte. “Falar sobre esquizofrenia, sobre feminicídio, de todas as outras coisas que estavam envolvidas dentro do espetáculo. Inclusive, trazer o cangaço de uma forma totalmente diferente, a partir da imaginação de um esquizofrênico. A transformação, quando o marcador transforma a quadrilha em xilogravuras. Aquele momento, nos ensaios a gente já sabia que ia ser um impacto muito grande. A prova foi isso, mais um título no Arraiá da Mira”, ressaltou.
Empate
O nível alto das juninas proporcionou aos jurados a difícil missão na hora de votar, e pela primeira vez na história do concurso, houve empate, no segundo lugar. A Arrastapé de Imperatriz empatou com Beija Flor dos Cocais de Caxias, em 179,7 pontos. Obedecendo ao regulamento, a organização fez um sorteio, e a Beija Flor dos Cocais ficou em seguindo lugar.
Avaliação positiva
Alan Neto avaliou positivamente a edição comemorativa. “Foi a melhor possível. Do ponto de vista de organização, do ponto de vista da apresentação das juninas e de participação do público. Erramos ainda em algumas coisas, mas vamos ajustar”.
O resultado final do Arraiá da Mira 2018 foi o seguinte:
1º lugar - Matutos do Rei, de Açailândia, com 180 pontos
2º lugar – Beija Flor dos Cocais, de Caxias, 179,7 pontos
3º lugar - Arrasta Pé, de Imperatriz, com 179,7 pontos
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